Eu preciso confessar: não sou fã de métricas. E, sinceramente, a batalha entre Criatividade e Métricas no mercado atual está cada vez mais sufocante.
Talvez você também se pergunte se está “ficando pra trás” ou “fazendo algo errado”, só porque não tem números astronômicos nas redes — mesmo entregando trabalhos incríveis.
Trabalho como professor há 10 anos, sou designer, e agora me vejo divulgando meus próprios serviços na internet. Tenho vivido esse constante dilema — e aposto que você já passou por isso: parece que tudo gira em torno de métricas. Todo mundo tá obcecado por gráficos, relatórios, engajamento, números infinitos de vendas… E sinceramente? Isso tem me deixado muito angustiado.
Se você é arquiteto, criativo ou pequeno empresário tentando divulgar seu trabalho, talvez já tenha sentido o mesmo. Por exemplo, coisas do tipo:
- Será que estou prestando um serviço de qualidade, mas ninguém vê porque minhas métricas estão baixas?
- Eu preciso me tornar um expert em dados e marketing para sobreviver nesse mercado?
- Meu trabalho realmente tem valor? Então por que meus números não refletem isso?
Hoje quero compartilhar um pouco da minha visão e do que tenho aprendido, porque sei que esse é um tema que tira meu sono e de muita gente. E vou começar com algo essencial: métricas são ferramentas, não juízas. Elas até podem indicar um caminho, mas não definem a qualidade, o impacto ou o valor das nossas entregas.

A criatividade é maior, mais humana e menos quantificável que quaisquer métricas
Vou ser direto: nós, criativos, empreendedores e até quem está começando do zero, não somos movidos a números frios. Nosso trabalho é sobre criar impacto, trazer beleza e oferecer experiências que conectem pessoas.
O problema é o seguinte: o design que conquista clientes, a solução que resolve o problema, a marca que cria identificação — nada disso cabe, de verdade, numa planilha.
Já trabalhei desenvolvendo projetos visuais onde o foco era total em funcionalidade e beleza. Como no caso de um site para um cliente, onde os botões estavam estrategicamente bem posicionados. O que muitos não percebem é que foi o design que atraiu a atenção inicial, a experiência do cliente que gerou confiança – e só depois veio o clique no botão.
Métricas, cliques, relatórios de conversão… são só rastros, efeitos colaterais. Não deveriam ser o centro da criação. Só são porque o mercado empurra essa lógica, como se resultado fosse sinônimo obrigatório de número pra mostrar numa apresentação de PowerPoint. As métricas em si até podem ajudar, mas não podem substituir o valor do que você entrega.
No entanto, esse cenário não surgiu do nada. Isso porque ele é alimentado, todos os dias, por um ambiente saturado de discursos sobre vendas e faturamento.

O mercado da “cultura do faturamento”: quem ganha com isso?
Seja sincero: quantas vezes você abriu suas redes sociais e se sentiu sufocado por promessas e exigências do tipo “Venda mais!”, “Fature milhões!”, “Seja o próximo guru do mercado”?
Eu já perdi a conta. Inclusive, é preciso dizer: esse barulho todo já me fez duvidar se eu estava no mercado errado.
Para ser bem sincero (e um tanto venenoso mesmo), esses gurus das métricas parecem viver numa bolha onde cada like é uma medalha de ouro e cada clique, o ingresso pra algum título de sucesso instantâneo. É quase uma religião — pregam que números são verdades absolutas, mas esquecem que metade dos likes é robô, as impressões mal refletem pessoas reais, e as tal das palavras-chave viraram zumbis do marketing faz tempo.
Eles vendem métodos milagrosos para você “engajar”, “converter” e “faturar”, mas no fundo, estão faturando é com a sua ansiedade. Se medida fosse tudo, a internet já seria um paraíso de excelência criativa. Porém, na vida real, o algoritmo não paga boleto, não inspira ninguém e não constrói reputação de verdade. Ou seja: enquanto você rala pra criar algo significativo, tem guru contando pixel e vendendo ilusão de resultado.
A realidade para os peixes pequenos
A verdade é que esse discurso do “cresça infinitamente” não faz sentido para 99% de nós. Pequenos criativos, empresários e marcas autorais são sempre comparados com corporações gigantes — como se estivessem na mesma corrida. Mas não estão. Pior: essa lógica faz as pessoas duvidarem do próprio valor.
Eu sei como essa pressão derruba nossa confiança. Já vivi momentos como professor, onde entregava um conteúdo de alta qualidade e depois vinha o julgamento pelos “números” de performance de uma métrica um pouco burra. Hoje, mais do que nunca, eu sei que isso não define o valor do meu propósito – e o mesmo vale pra sua criação.

Criatividade e métricas: como podemos lidar melhor com isso?
Para quem, assim como eu, já se sentiu sufocado com essa conversa de “métricas a qualquer custo”, aqui vai o que tenho tentado aplicar a mim mesmo:
- Redefinir a ideia de sucesso conforme suas prioridades: Não é sobre quantos likes ou cliques você recebe, mas sobre quantas pessoas confiam no que você faz e no impacto que você gera com os seus projetos.
- Use as métricas com distância crítica: Métricas ajudam a validar certos aspectos da sua estratégia, mas não são o coração do processo criativo.
- Priorize impacto, não números: Abandone um pouco a ideia de “performance” e lembre-se de que seu trabalho é facilitar a vida de outras pessoas, resolver problemas e criar experiências. Isso vale para você arquiteto, engenheiro, ou que está começando. Um resultado qualitativo — como um cliente indicar seu trabalho — vale mais do que qualquer métrica de vaidade.
- Conecte-se com clientes alinhados. Parcerias certas priorizam o valor da criação, não somente o resultado numérico final.
O valor do que criamos não cabe nos cálculos
Eu ainda tenho um pouco de dificuldade de ver métricas como algo que valida o resultado da criatividade – e não como um aspecto que diminui ou mede a qualidade do que eu crio. Mas quero que você perceba isso também. Eu sei que é difícil. Ainda mais que todo mês a gente acaba sendo cobrado (inclusive via boletos e faturas).
Se você é criativo, arquiteto, pequeno empresário — alguém tentando equilibrar vender e se manter autoral — precisa lembrar: conexões verdadeiras e resultados duradouros não aparecem em gráficos temporários.

E eu realmente quero ouvir você: como tem lidado com as cobranças do hype das métricas, cobranças e expectativas das redes? Compartilhe sua experiência ou mande mensagem. Talvez juntos a gente construa um mercado mais autêntico. E menos sufocante.